sábado, 2 de abril de 2011

O Jardim Mágico

Outrora as pessoas colhiam elas mesmo as ervas para os seus chás, cozinhados remédios e magias...criando assim uma cumplicidade entre elas e as plantas. De nossos dias sabemos o quanto se torna difícil, principalmente para aqueles que residem em grandes centros urbanos.

No entanto, um bom mago sabe o quanto é necessário manter um pequeno jardim mágico, mesmo se reside numa cidade, num apartamento ou até num pequeno quarto, não só podemos como devemos criar um pequeno espaço para o nosso jardim Mágico.

O Mago adora o cheiro da terra, mergulhar as mãos e sentir a sua humidade, cuidar das plantas, semear, regar, colher criando um elo quase como de mãe com filho, orgulhosos por verem desenvolver e crescer o que cuidaram com amor.

Cabe a cada um designar a sua preferência, adaptando por exemplo num pequeno recanto de uma varanda vasos com as plantas mais utilizadas, na cozinha pode dispor de vasos com plantas aromáticas no rebordo da janela, ou até mesmo adaptar um espaço numa marquise! Contudo evite o uso de luzes artificiais como alguns horticultores fazem, para a magia estas não convêm nem de perto nem de longe, lembre-se que o sol é um principal energizador e a luz natural é fundamental.

Com um pouco de força de vontade podemos sempre criar o nosso jardim mágico, por mais pequenino que ele seja, um bom mago sabe o quanto é necessário o contacto com a natureza.

As Plantas não são apenas maravilhosas amigas, quem nunca ouviu dizer que cantar e falar com as plantas as vê crescerem e ficarem vivazes, elas não só trazem vida e alegria a uma casa como ainda purificam o ar que nela circula. Elas são as primeiras a reagir a ataques energéticos, vê como estão as tuas plantas e saberás como está o ar da tua casa.

As plantas são os instrumentos mestres na magia. Ao cultiva-las tratem de faze-lo seguindo algumas regras, alem de seguir a roda do ano, as estações, as fases da lua dos Céus e naturalmente a preferência consoante as plantas, umas gostam mais de luz outras mais de escuridão. Nada melhor para conhecer as plantas do que vê-las crescer, tocar, sentir, cheirar resumidamente EXPERIENCIAR, essa é a palavra-chave para o conhecimento, para alem de estar a criar essa tal cumplicidade que anteriormente foi referida. Consagre as sementes ou as plantas que vai semear e quando as vir despertar da terra, saúde o início da nova vida. Não tenha vergonha de conversar com elas, elas são vida tanto como um animal ou como uma pessoa, lembre-se magia a vergonha e o ridículo não têm lugar.

Optem por semear em lua crescente, esta concede força e crescimento, assim como tentem faze-lo quando o vento de oeste soprar, carregado de humidade incentiva a fertilidade e a sua força vai assegurar o sucesso do seu trabalho. Quando tiver escolhido o local propício para plantar, define o local com uma pequena sebe natural, por exemplo de Espinheiro Alvar (Crataegus oxyacantha). Encontram-se facilmente num horto ou então até pode procurar no mato próximo de si, esta planta é muito abundante em varias regiões, o espinheiro traz uma acção benéfica e concede propriedades de fertilidade para alem de manter em equilíbrio a energia positiva do seu jardim. Também pode optar por outras sebes naturais assim como por pedras que cria uma ambiente agradável e bonito ao seu jardim. O importante é entender que não convêm misturar as plantas em molhes e caso tenha um jardim grande acabará por se esquecer onde está plantado o quê.

Lembre-se de plantar em completo respeito, as sementes que segura nas suas mãos são sagradas. Verifique que todas as sementes estão sãs antes de começar, normalmente uma semente em bom estado está seca, rija, cheia e uma cor brilhante, as que estiverem enrugadas não as plante. Caso tenha sementes para plantar mas ainda não está na época de as semear, guarde-as num saquinho de linho ou de nylon, mas separadamente, isto é não misture varias sementes de plantas diferentes no mesmo saco.

Reserve também no seu jardim um pequeno recanto selvagem, para o pequeno povo e lembre-se de ofertar mel e leite assim como outras coisas a gosto para eles ajudarem a tratar de seu jardim, ofereça pão seco ou milho, sementes ou fruta e disponha de recipientes de agua e ninhos para as aves, lembre-se que o jardim é um organismo vivo, um todo com a natureza, dentro de casa pode faze-lo junto dos vasos e das plantas assim como nós aqui enfeita-mos os próprios vasos com símbolos do pequeno povo, símbolos de crescimento como sempre dê asas a sua imaginação.


Faça da jardinagem uma actividade alegre e familiar, reserve um lugar ou uns vasos para as crianças, meta-as em contacto directo com a terra, deixem elas plantar uma flor ou uma planta, e cuidar dela, isso levará a criança a começar a ter gosto pela natureza e a ganhar responsabilidades para alem de desenvolver movimentos, locução… é uma actividade para todas as idades!
Aconselhamos vivamente ao uso de um pequeno caderno de jardinagem onde possam anotar o que foi desenvolvendo durante a jardinagem, assim como quando, o como e onde plantou, ver a duração de crescimento, para futuramente saber quando replantar, colher etc., mantenha nele também um calendário das luas e das estações e anote tudo o que tenha a ver com o magnifico altar da natureza.

A Fada Morgana

Morgana fala... 

Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chama a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré – que realmente foi poderosa, ao seu modo –, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?
E agora que este mundo está mudado e Arthur – meu irmão, meu amante, rei que foi e rei que será – está morto (o povo diz que ele dorme) na ilha sagrada de Avalon, é preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por toda parte os seus santos e lendas.

Pois, como disse, o próprio mundo mudou.
Houve tempo em que um viajante se tivesse disposição e conhecesse apenas uns poucos segredos, poderia levar sua barca para fora, penetrar no mar do Verão e chegar não ao Glastonbury dos monges, mas à ilha sagrada de Avalon: isso porque, em tal época, os portões entre os mundos vagavam nas brumas, e estavam abertos, um após o outro, ao capricho e desejo dos viajantes. Esse é o grande segredo, conhecido de todos os homens cultos de nossa época: pelo pensamento criamos o mundo que nos cerca, novo a cada dia.


E agora os padres, acreditando que isso interfere no poder do seu Deus, que criou o mundo de uma vez por todas, para ser imutável, fecharam os portões (que nunca foram portões, exceto na mente dos homens), e os caminhos só levam à ilha dos padres, que eles protegeram com o som dos sinos de suas igrejas, afastando todos os pensamentos de um outro mundo que viva nas trevas. Na verdade, dizem eles, se aquele mundo algum dia existiu, era propriedade de Satã, e a porta do inferno, se não o próprio inferno. Não sei o que o Deus deles pode ter criado ou não. Apesar das historias contadas, nunca soube muito sobre seus padres e jamais usei o negro de uma de suas monjas-escravas. Se os cortesãos de Arthur em Camelot fizeram de mim este juízo, quando fui lá (pois sempre usei as roupas negras da Grande Mãe em seu disfarce de maga), não os desiludi.

E na verdade, ao final do reinado de Arthur, teria sido perigoso agir assim, e inclinei a cabeça à conveniência, como nunca teria feito a minha grande Senhora, Viviane, Senhora do Lago, que depois de mim foi a maior amiga de Arthur, para se transformar mais tarde em sua maior inimiga, também depois de mim.
A luta, porém, terminou. Pude finalmente saudar Arthur, em sua agonia, não como meu inimigo e o inimigo de minha Deusa, mas apenas como meu irmão, e como um homem que ia morrer e precisava da ajuda da mãe, para a qual todos os homens finalmente se voltam. Até mesmo os sacerdotes sabem disso, com sua Maria sempre-virgem em seu manto azul, pois ela, na hora da morte, também se transforma na Mãe do Mundo.

E assim, Arthur jazia enfim com a cabeça em meu colo, vendo-me não como irmã, amante ou inimiga, mas apenas como maga, sacerdotisa, Senhora do Lago; descansou, portanto no peito da Grande Mãe, de onde nasceu, e para quem, como todos os homens, tem a finalidade de voltar. E talvez – enquanto eu guiava a barca que o levava, desta vez não para a ilha dos padres, mas para a verdadeira ilha sagrada no mundo das trevas que fica além do nosso, para a ilha de Avalon, aonde, agora, poucos, além de mim, poderiam ir – ele estivesse arrependido da inimizade surgida entre nós.(...)
A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...Mas talvez eu seja injusta com eles. Até mesmo a Senhora do Lago, que odiava a batina do padre tanto quanto teria odiado a serpente venenosa, e com boas razões, censurou-me certa vez por falar mal do deus deles.
“Todos os deuses são um deus”, disse ela, então como já dissera muitas vezes antes, e como eu repeti para as minhas noviças inúmeras vezes, e como toda sacerdotisa, depois de mim, há de dizer novamente, “e todas as deusas são uma deusa, e há apenas um iniciador. E cada homem a sua verdade, e Deus com ela”.
Assim, talvez a verdade se situe em algum ponto entre o caminho para Glastonbury, a ilha dos padres, e o caminho de Avalon, perdido para sempre nas brumas do mar do Verão.

Mas esta é a minha verdade; eu, que sou Morgana, conto-vos estas coisas, Morgana que em tempos mais recentes foi chamada Morgana, a Fada.

Marion Zimmer Bradley, in As Brumas de Avalon
Awen 

Avalon a Ilha Sagrada


  Saudações amigos!!!
            Existem muitos mistérios que envolvem a Sagrada ilha de Avalon.... Mistérios que muitos ja tentaram desvendar, sem sucesso... Até hoje, não se sabe se realmente é real sua história, ou se apenas uma lenda criada por um povo antigo.
Para os verdadeiros seguidores da Grande Mãe, para aqueles que têm a magia dentro do coração, Avalon realmente existe, e está em algum lugar, pronta para ser encontrada por aqueles que crêem em sua existência.
            Eu, não tenho dúvidas a respeito de sua existência, sinto sua presença constante dentro de meu coração... e um dia, nós, filhos de Avalon, retornaremos a esse lugar espetacular, de onde um dia saímos para mostrar ao mundo um pouco da sabedoria da grande Mãe!!!
Vejamos abaixo, o que livros e sites falam de Avalon. A visão da mitologia, e a visão de quem acredita em sua existência.
Boa leitura!!
Bênçãos da Deusa!!!


AVALON OU GLASTONBURY

Castelos e fortificações de pedra compõem boa parte da paisagem da Inglaterra rural. Em muitos deles, a passagem do Rei Arthur e de seus leais cavaleiros da Távola Redonda com seus feitos nobres deixou marcas, ajudando a construir suas histórias.
Mas é no sudoeste da Inglaterra, a 150 km de Londres, na cidadezinha de Glastonbury (um dos lugares mais sagrados da Inglaterra) que expedições arqueológicas encontraram não só vestígios de um Arthur em carne e osso como também do seu refúgio, a lendária Ilha de Avalon.
Para muitos respeitáveis estudiosos, porém, não há dúvidas de que a pacata e bucólica Glastonbury de hoje foi outrora a mítica Ilha de Avalon e atrai visitantes de todos os gêneros: românticos fascinados pela história do rei Arthur, peregrinos à procura da herança da antiga religião, místicos em busca do Santo Graal, em busca da energia que emana de Stonehenge que era ligada ao antigo rio Avalon, ainda quando Glastonbury era rodeada por pântanos, enquanto; os astrólogos são seduzidos pela existência de um zodíaco na paisagem, chamado Templo das Estrelas de Glastonbury por Katherine Maltwood.
Pesquisas arqueológicas atestam que os campos de Glastonbury há milhares de anos, foram pântanos drenados, ou seja, a cidade já foi uma ilha, o que reforça sua proximidade com as lendas de Avalon também chamada de "Ynis Vitrin" ou Ilha de Vidro. O nome Avalon tem origem no semi-deus celta Avalloc. Os Celtas a consideravam uma passagem para outro nível de existência.
Segundo pesquisadores, Avalon ainda pertencia ao mundo, a comunidade de lá convivia pacificamente com os cristãos, que ali chegaram pedindo abrigo. Foram acolhidos com a condição de que não interferissem nos cultos e nas tradições antigas. Diz-se que padre José de Arimatéia levou o cálice Graal contendo o sangue de Jesus para a ilha de Avalon (Glastonbury com seus pântanos atualmente drenados).

Em Avalon havia suas deusas e deuses, vivia em harmonia com a natureza, ao seu ritmo, seguindo as mudanças das estações do ano, os ciclos da lua com seus antigos rituais. Viviam lá as Sacerdotisas da Lua e aprendizes dos mistérios e forças da natureza, conheciam a magia, as ervas para curar, os segredos do céu e das estrelas e a música principalmente...Em Avalon onde tudo florescia era iluminada pelo sol.
Entretanto, com o passar do tempo, os padres (não José de Arimatéia, que se “dizia”, teria uma concepção contrária de outros padres) começaram a ver os cultos pagãos como profanos, dizendo que em seus rituais o demônio era adorado, condenando-os. Muitas comunidades pagãs foram destruídas, e a partir de 391, com a consolidação do cristianismo como religião oficial do Império Romano, as perseguições tornaram-se maiores e os cultos pagãos foram totalmente proibidos.
Avalon é uma ilha sagrada. Há muitas eras, pertencia ao mundo, mas hoje, está entre a Terra e o Reino Encantado, cercado pelas brumas que encobrem a ilha e a separa do mundo dos homens.
Inúmeros sítios místicos da Bretanha envolvem uma história particularmente rica e variada, figurando em cultura druida, cristãos, cultos celtas, no ciclo arturiano e na espiritualidade da Nova Era. No entanto, mesmo as associações mais antigas são relativamente novas, se comparadas com os primórdios dos marcos sagrados. Há 6 mil anos ou mais, alguns desses sítios constituíam o solo sagrado de um povo mais remoto – os adoradores neolíticos da Deusa-Mãe.
A Deusa, uma divindade da mãe-terra reverenciada pelas sociedades primitivas em muitas partes do mundo, aparentemente teve seus seguidores na Inglaterra. Em Silbury Hill há uma enorme colina perto de Stonehenge, que teria representado o ventre da deusa grávida. Para erguê-la, seus construtores teriam feito um esforço prodigioso, arrastando cerca de 36 milhões de cestas cheias de terra, durante 15 anos.
A pedra-ovo, considerada símbolo da poderosa mãe cósmica pode possuir uma energia própria: Dowsers afirma que ela emite fortes vibrações. Com quase 40 metros de altura, uma estrutura artificial pré-histórica que alguns historiadores acreditam que ela representasse um olho, um símbolo usual da deusa-mãe. O morro em si seria a íris e o círculo em seu topo, a pupila.
A 1,50 quilômetro a leste de Glastonbury, ergue-se a mais de 150 metros de altitude outra colossal gravidez da terra, o Tor, um cone extraordinário, visível de todas as direções em um raio de mais de 30 quilômetros.
Ao redor de suas encostas os terraços construídos pelos homens formam um imenso labirinto que se enrosca até o corpo. Alguns pesquisadores acreditam que esses caminhos tortuosos foram projetados para a prática de rituais pagãos, na pré-história.
O Tor é coroado pela torre em ruínas de uma igreja dedicada a São Miguel, um célebre caçador de dragões e inimigo dos espíritos do mal.
Os monges medievais erigiram a igreja com o intuito de cristianizar o local e erradicar seus vínculos com reis e deuses pagãos.
O que na minha opinião, este tipo de estratégia nunca funcionou, pois a fé está dentro de nossos corações, em nossos pensamentos e a natureza é a nossa razão principal, não serão templos erguidos pelas mãos de mortais que irão fazer de nós pessoas boas ou ruins.
Segundo uma lenda celta, a entrada para Annwn, a morada subterrânea das fadas, pode ser encontrada através de túneis e câmaras naturais localizadas debaixo do Tor. Seria através desse portal que Gwynn ap Nudd, rei das fadas, teria partido em caçadas selvagens para encontrar e roubar os espíritos dos mortos.
O Tor de Glastonbury é inconfundível em uma vista aérea. Sobressai de tal maneira na paisagem, que induziu à hipótese de ter servido como referência para a aterrissagem de discos voadores. “Tor” em celta significa Portal, passagem; estaria ali o umbral que permite a passagem do nosso mundo para a ilha sagrada de Avalon.
                          
Uma tradição milenar relata também que está em Glastonbury (antiga Ilha de Avalon) o Poço do Cálice Sagrado (Chalice Well), onde José de Arimatéia, amigo e protetor de Cristo, no ano 37 d.C., teria escondido o Santo Graal, o cálice da Santa Ceia, contendo o sangue de Jesus. O poço fica nas proximidades da colina de Tor.
É um lugar muito apreciado para meditação. De uma fonte, sai uma água pura e cristalina com propriedades medicinais. O sangue do cálice teria sacralizado e tingido a água pura do poço.
Esta é realmente vermelha. Segundo cientistas, devido ao alto teor de ferro no solo. Para os turistas e locais, beber as águas do "Chalice Well" é beber da própria fonte da juventude.
Enfim, Glastonbury é um berço sagrado que abriga muitos mistérios...


AVALON, A ILHA SAGRADA DAS FADAS, BRUXAS...



Avalon,  palavra provavelmente do celta, abal: maçãs. A terra dos Deuses, a ilha das maçãs, um reino de pura beleza e amor, de maravilhas, da magia da grande Deusa, a busca constante de todo o ser humano que, apesar de todas as desilusões, ainda tem a esperança de fazer deste mundo uma lenda real, ou seja, um lugar melhor para se viver.
A maçã representa a imortalidade, o conhecimento e a magia. Existem vários relatos referentes a sua simbologia e às viagens célticas, conhecidas como Immran, ao Outro Mundo, supostamente, uma realidade contígua à realidade comum.
Os Immram, são jornadas místicas, nas quais um herói é atraído por uma fada, que lhe entrega um ramo de maçã e o convida para ir para o Outro Mundo, como em "A Viagem de Bran", Filho de Febal. Outro Immram, relata "A Viagem de Maelduin", que trata da busca do herói pelos assassinos de seu pai. Ele passa por uma ilha onde encontra uma macieira e dela corta um ramo com três maçãs. Estes frutos são capazes de saciar a sua fome e a de seus companheiros por quarenta dias sem ingestão de qualquer outro alimento. (Jean Markale, 1979:246).
Avalon também recebe o nome de Ilha Afortunada, pois suas colheitas são fartas e abundantes. Diz a lenda que, era governada por Morgana e suas nove irmãs, sacerdotisas guardiãs do caldeirão do renascimento, símbolo da Grande Deusa, capaz de curar todos os males. Além de evocar as brumas para adentrarem à ilha encantada.
Avalon está associada a Caer Siddi (Fortaleza das Fadas), o Outro Mundo ou Annwn, a Terra da Eterna Juventude. Ilha feérica, onde apenas o povo das fadas e os nobres cavalheiros de alma pura podiam adentrar.

Existia em Caer Siddi uma fonte que jorrava vinho doce e onde o envelhecimento e a doença eram desconhecidos. Entre os seus tesouros havia um caldeirão mágico, tema diretamente ligado à abundância existente na Ilha das Maçãs. (Ellis, 1992:25; Geoffroy de Monmouth, Vita Merlini e Jean Markale, A Grande Epopeia dos Celtas).
Na mitologia céltica existem dois tipos de mitos sobre o caldeirão: o caldeirão do renascimento e o caldeirão da abundância. Dagda, pai de todos os Deuses, possuía um caldeirão proveniente da cidade de Múrias. Ao provar dele, ninguém passava fome, (Ellis, 1992:77). Já Matholwch recebera o caldeirão do renascimento do Deus Bran e com ele era possível ressuscitar um morto, mas que perderia a capacidade de falar. (Mabinogion, 1988:31).
O caldeirão, mais tarde, deu origem ao mito do Graal, inicialmente nas obras de Chrétien de Troyes. Com a sua cristianização em fins do século XII, o conteúdo do cálice passou a ser o sangue de Cristo. Simbolizando o conhecimento e o alimento da alma. A propósito da temporalidade do Outro Mundo, representada pela "Insula Pomorum", Ilha Paradisíaca, onde a passagem do tempo não é percebida pelos humanos que para lá vão, como pode ser visto nos relatos sobre Bran. (Le Goff, 93).
A ilha sagrada de Avalon não existe nas dimensões de tempo e espaço conhecidos por nós. Ao longo dos séculos, as pessoas tentam localizá-la, em locais como: o País de Gales, a Irlanda, a Cornualha e a Bretanha.
A cidade de Glastonbury, em Somerset na Inglaterra, é particularmente associada a Avalon, através dos seus mitos e lendas locais, relacionando a colina do Tor como sendo a entrada do Annwn, lar de Gwynn ap Nud, o rei das fadas e guardião do submundo. Descendo a colina, em meio aos carvalhos, chega-se a "Chalice Well Gardens", os Jardins do Cálice Sagrado, fonte de água avermelhada com propriedades curativas, reforçando o mito do Santo Graal.
Invisíveis aos olhos descrentes, as brumas revelam seus mistérios apenas aos que servem ao princípio maior, junto aos Deuses. A lenda se torna realidade, mas o medo, como sempre, é o grande desafio daqueles que estão na travessia deste portal mágico, prestes a desvendar os segredos do Outro Mundo.
Avalon é o templo do mundo interior, terra da eterna magia e saber que oferece iniciação e esclarecimento a todos que iniciam nessa jornada. E, somente, aqueles que compreendem que a vida é infinita em suas possibilidades poderão abrir as portas deste mundo.
O universo nos coloca, sincronicamente, em caminhos que irão modificar não apenas a nossa existência, mas toda a realidade que nos cerca.
Avalon se apresenta nos corações daqueles que são sinceros e seguem o que lhes foi traçado pelos Deuses, mas, somente nós somos os responsáveis por tecer o fio do nosso destino.

A Floresta Sagrada

A Floresta Sagrada é morada das árvores anciãs, que nos orientam a sustentar nosso viver; das tempestades intensas, que nos ensinam como somos afetados pelos elos e conexões com as leis naturais. Ela é também lar das calmas chuvas que animam nossos passos suados e cansados; dos peixes, que nos despertam para fluir nos caminhos das águas da vida; dos mosquitos, que nos alertam sobre o cuidar de si; dos sapos, que anunciam o próximo dia; das borboletas, que nos ensinam a responsabilidade da transformação e a busca da origem de quem realmente somos. Afinal, somos natureza, floresta... Somos vida.

O ser humano se distanciou do Sagrado e vê a natureza com objetivos ilusórios de poder e controle, provocando a infeliz trajetória de destruição da vida, do desmatamento, da biopirataria, da manipulação da vida em laboratório.

O homem cria meios de finalizar o ciclo natural, como a monocultura, na qual um vegetal é rigidamente confinado com fins produtivos, para obter quantidades absurdas de produtos, trocando o “sistema natural” pelo "egossistema".

Essa atitude gera um grande desequilíbrio e, no caso de uma floresta nativa, que acompanha o ciclo natural do existir em elo, um vegetal auxilia a continuidade de outra espécie vegetal. Já o plantio de uma só cultura produz uma infinidade de impactos ambientais, disseminando problemas e doenças, e levando os seres humanos a mexer intensamente na genética da planta para compensar o erro original; e faz isso sem qualquer lucidez ou ética.

Os ciclos estão sendo rompidos com imensa facilidade. Mesmo com a natureza ensinando que se leva um tempo enorme para construir, além de muito trabalho, e que destruir é muito mais rápido, a arrogância do ser humano faz com que pense que tem o poder em suas mãos, levando-o a criar condições terríveis para a continuidade da vida na Terra.

O excesso de informação corrompida leva-o a pensar que viver numa floresta é algo absurdo, primitivo. Esse tipo de pensamento sequer deixa espaço para a mente criar uma tecnologia natural voltada a nutrir a terra e a viver em harmonia com as florestas do mundo.

As florestas do mundo são o mundo, e nós seres humanos somos filhos destas várias mães, que nos sustentam, nos ensinam, nos alertam para a condição de seres vivos. Desta maneira, desconsiderar o que é uma floresta é negar a própria origem, apagar o caminho de nossa existência, acreditando que poderemos reverter facilmente o mal que realizamos.

A sociedade contemporânea prioriza o instantâneo, afirmando que necessitamos viver enquanto existe vida e deixando que nossos filhos e netos dêem um jeito na situação, vendendo a falsa idéia que, com o avanço tecnológico, alcançaremos uma solução sem esforço, dando a esperança de que não precisaremos fazer nada para consertar o que fizermos de errado, pois a tecnologia a “ser descoberta” o fará.

Essa maneira de pensar afirma que a floresta se encontra sentenciada ao desaparecimento e, então, busca aproveitar o agora, porque amanhã ela não existirá mais. Isso sem contar as terras que são vendidas ou doadas para fins agropecuários, para pessoas sem amor ou compreensão do ecossistema, da biodiversidade e dos mais simples fluxos da vida.

Quando uma pessoa entra numa floresta somente para se divertir, por curiosidade, ela não absorve a lucidez que a vida natural ensina. Ela está ali pela superficialidade da experiência e acaba se deixando levar pela falta de atenção, deixando passar um vegetal que está à sua frente, passando para outra planta que se encontra adiante, limitando sua percepção visual, auditiva e sinestésica a um minúsculo mundo de querer e desejar. Sem saber por que realmente está fazendo aquilo, perde a real extensão da mãe-natureza.

Se vivêssemos segundo o equilíbrio e a sabedoria dos elos e da natureza, poderíamos crescer e sustentar todas as pessoas que existem no planeta hoje. Bastaria seguir a sabedoria do fluxo das leis naturais, e este pensamento, transformado em atitudes reais, proporcionaria uma visão apurada do que é uma floresta. Deixaríamos a visão de “bicho na natureza selvagem” e reconheceríamos que uma formiga é um ser tão sábio quanto uma onça, que os cupins são tão nobres quanto uma arara, que os pernilongos são os guardiões da floresta. Nossa visão se ampliaria e mudaria.

Abrindo nosso campo interno para acolher a vida, conseguimos observar a natureza para entendê-la. O ser humano adquire a capacidade de ir além do visível, dos dados técnicos e mapas gráficos, passando a ser um com a natureza.

O externo se conecta com o interno e, nesta nova condição, pode entender que a floresta é o portal de retorno ao Sagrado, o local em que todos os meios sensoriais se comunicam em amplas freqüências, um ponto em que percebemos o espiritual em tudo.

Nesse caminho, compreendemos que as árvores conversam em um sistema avançadíssimo de conexão, no qual vibrações são transferidas a longas distâncias e se materializam em movimentos como aromas, campos magnéticos, fluxo de temperatura, entre outros milhares de manifestações próprias dos seres que já estão num nível de consciência expandida.

O tempo, nesse ponto, é diferente. Basta observar uma árvore com 150 anos. Nascida de uma semente, viveu cada etapa desse tempo, passando por vários momentos como chuva, calor, frio. Nela, vários seres fizeram ninhos, viveram e morreram por gerações e, como uma mãe, ela sustentou esses ciclos de existência.

Nos ciclos da natureza observamos nascimento, vida, morte e renascimento. No nascer físico de um ser humano, o feto é a reunião biológica de um novo corpo para um ser que é antigo como espírito. Essa ação produz para este novo ser uma oportunidade para seu amadurecimento, na vida física.

Essa mesma situação ocorre com uma semente no ciclo de vida de uma árvore, no qual ocorrem a gestação, o desenvolvimento dessa vida, o parto, a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice, ensinando a planta sobre a sabedoria do renascimento

No crescimento da árvore, em seu amadurecimento, há a vinda das flores, dos frutos e, com eles, as sementes. Estas caem das árvores e encontram o solo. Essa aparente queda das sementes é a doação sagrada, o parir de uma nova vida, e esse cuidado é tão amplo que muitas árvores soltam suas folhas ao solo, formando um manto sustentador no qual as sementes vão cair, manifestando naturalmente sua germinação. E na semente encontra-se toda a potência e sabedoria da árvore-mãe que, pouco a pouco, irá se manifestar em plenitude.

Essa nova árvore é a essência de sua mãe-anciã; o corpo desse vegetal é novo, mas sua essência é a mesma que a mais antiga de sua espécie; embora a árvore seja da mesma espécie, em seu crescimento, ela irá mostrar um movimento próprio mediante seu entrecruzamento com os ventos, com a chuva, com os raios do sol, além de outros milhares de entrecruzamentos. E assim a vida expressa sua beleza de dentro para fora, da origem para a extensão.

A floressta ensina pelo silêncio. Basta observar o tronco de uma árvore por dentro e perceberemos vários movimentos nas fibras ou estruturas: são as “palavras de ensino” que a sabedoria daquela árvore nos transmite. Por exemplo: a existência de árvores mais fibrosas do que outras; de madeira dura e madeira mole; os pontos de reunião, conhecidos como "nós"; regiões expandidas, por esta razão, mais claras e moles.

Os caminhos na fibra são usados como um guia pelo marceneiro no momento em que precisamos materializar algum utensílio para nossa vida, pois são expressões da sabedoria das árvores. Ao segui-los, poderemos notar que a materialização do utensílio fica mais clara, tranqüila e simples.

As árvores não falam com palavras. Seu idioma são os movimentos de suas fibras, suas cores e toda sua manifestação como seres da natureza. Quando uma árvore já realizou toda a sua expansão e se encontra na velhice, isto fica aparente em suas cascas e poderemos observar em suas folhas o caminho da morte.

E nesse movimento da lei cósmica ocorrerá a reunião e a expansão, e a árvore morrerá de um estado para renascer em outro. Seus pedaços apodrecidos dentro da floresta úmida são os mantos sustentadores do nascimento de novas vidas, de microrganismos que trarão a força de ignição na germinação e no crescimento de novos vegetais.

Na floresta, há vida em todos os lugares. Mesmo que ela nos pareça vazia, é apenas uma ilusão dos ruídos da mente, pois há muitas vidas embaixo ou acima da terra, no alto das árvores, no céu, em todos os lugares da floresta.

Quando se expande a consciência, caminhar dentro de uma floresta é desenvolver a flexibilidade interna e externa, pois temos de mexer o corpo, adaptar-nos à caminhada. Abaixando-nos para passar debaixo de um tronco, arrastando-nos para atravessar algum local, damos voltas, começando novos caminhos.

E esses são movimentos que estimulam a maturidade espiritual do ser, pois eles nos lembram que, quando a floresta chamar, nós saberemos como entrar devagarzinho, observando o caminho e sempre na direção que o fluxo da vida vai ensinar.